Partida do amor

 

 

Este curta de animação chamado Departure of Love é inspirado no cinema mudo de Buster Keaton que fez na década de 1920. Uma jovem mulher sai em um trem e fica na expectativa olhando para trás a espera do seu amor, alguns segundos após a saída, seu amado vem com tudo para tentar recuperar o amor perdido…. o final é surpreendente!

Esse é um trabalho de Jenna Bors.

Sobre as cartas de amor

 

 
 
Dizem que quem fica apaixonado se transforma. Pisa nas nuvens, borboletinhas invadem o estômago, o coração fica com um sorriso de orelha a orelha, o mundo se torna um lugar mais bonito e todas as músicas parecem fazer algum sentido. Eu concordo.
 
Esses dias reli uma carta que mandei. Era uma carta extensa, que falava dos meus desejos e medos. É tão bom quando a gente se livra de qualquer tipo de armadura e resolve escutar somente o coração. A gente nasce livre, sem qualquer escudo e aos poucos, depois das cacetadas da vida, vamos ficando duros. Isso me entristece um pouco. Sei que faz parte, mas não deixo de ficar triste.
 
Percebo que as pessoas estão cada vez mais medrosas. Guardam o que sentem. Se escondem atrás de palavras, atitudes e sentimentos. Mostram uma outra pessoa, uma verdade inventada, uma pessoa inexistente. Pra quê? O objetivo não é ter relações verdadeiras? O grande barato da vida não é ter alguém pra dividir cada coisinha boa e chata?
 
Tolos, mostram uma coisa que não são e acabam perdendo muito por isso. Porque a gente não deve ter a menor vergonha de ser quem é. E nem ter medo de mostrar nossos sentimentos mais bonitos.
 
 
 
(Clarissa Corrêa)
 
 

Aladim do Amor

 
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(Em outras palavras, o que você realmente espera do amor?)
 
 
Vieram perguntar qual é a coisa que mais quero do amor, qual seria a grande surpresa romântica, a grande prova apaixonada, a felicidade total em termos amorosos. Olha, essa pergunta é bem difícil. Acho que o amor, pra ser amor, não precisa provar nada. Ele mesmo se prova, se sustenta, se garante. O amor tem um escudo que protege de tudo (se deixarmos). Você pode achar essa visão romântica demais, mas acho que o amor verdadeiro não acaba nunca (se cuidarmos). Por que tanto parênteses? Porque o amor, pra ser amor, é simples. É que nem planta: se a gente molha, protege do sol excessivo, do vento maluco, dos bichinhos, ela cresce, fica bonita e alegra a sala. Se a gente esquece de molhar, deixa torrando no sol, não cuida, ela vai pro beleléu e o cantinho da sala fica vazio, sozinho, sem vida.
 
É claro que a gente sempre espera algo. A vida é uma eterna sala de espera, estamos sempre esperando algo para nos sentarmos no colo da tão esperada felicidade. (…) O que você quer hoje? O que você quer agora? O que você está esperando para ser feliz no amor?
 
A gente quer que o outro nos perceba. Mas mostramos os caminhos? Ninguém adivinha nada sozinho. (…). O outro só vai nos perceber por inteiro quando a gente deixar, quando dermos o sinal verde, o ok, quando a gente perder o medo de falar: olha, o caminho tem lama, tem rato, tem escuridão, mas vem, por favor, vem. O problema são as promessas de que tudo vai ser lindo e maravilhoso. Não, não é. Às vezes vai ser ruim e chato, mas você tem que querer não desistir. O amor é não querer desistir.
 
A gente quer que o outro mude. Uma vez ouvi falar “tudo que amamos no começo é o que odiamos no fim”. Desculpe, mas o outro não vai mudar e se você o ama tem que entender, aceitar, tentar amenizar, arrumar soluções.(…). O outro não muda simplesmente porque a gente quer. O outro muda porque ele quer. E, mesmo ele querendo, toda mudança é um processo lento. Mudanças rápidas são fajutas, não existem. É que nem dieta rápida: você perde peso em seguida, mas recupera tudo em dobro depois.
 
A gente que que o outro adivinhe nossos desejos. Esquecemos que ele não tem bola de cristal. Diga exatamente o que você quer.(…)
 
Mas, afinal, qual é a coisa que mais quero do amor? Quero proximidade. O amor tem que ser próximo. Não falo próximo de colado, grudado. Falo próximo de junto, cúmplice, companheiro. O amor é você perceber que não anda mais sozinho. Que tem alguém pra abraçar quando o mundo está grande demais. Que tem alguém pra se esconder quando tudo está sombrio demais. Que tem alguém pra brindar quando tudo dá certo demais. Que tem alguém pra dividir as coisas que a vida tem para nos mostrar. Amar, pra mim, é isso. É você cuidar do outro quando ele precisa, quando tá doente, triste, com frio, sozinho. É ficar feliz com a felicidade do outro. É fazer pequenas gentilezas. Se preocupar. Comprar o iogurte preferido. Assistir filmes de ação mesmo sem gostar, mas assistir porque ele gosta da sua companhia. É deixar o egoísmo dar espaço para a doação. É lógico que toda mulher tem sempre na cabeça uma cena de filme. A gente quer fogos de artifício, pedidos de casamento de joelhos, que o outro adivinhe os nossos desejos. Não quero isso, de verdade. Quero, apenas, que ele saiba quais são os meus sonhos, que preste atenção no que eu gosto e sinto. Mas, é claro, se ele aparecer com duas alianças e duas passagens para o lugar que eu mais quero conhecer no mundo é óbvio que vou adorar.

 

 

(Clarissa Corrêa)

 

Das trocas

 
 
Eu agora só vou enfeitar o sentimento com letras porque deixa a mostra o que passa por dentro. Porque é bonito isso de sentir e saber que é recíproco. Porque te digo que é uma belezura das maiores passar o dia assim, lembrando do sorriso, lembrando do teu olho, do teu cabelo, da tua risada aberta(…)!
 
Eu falo que é saudade, sempre saudade o que sinto nessas horas que a gente tá um lá e o outro aqui. Mas o mais estranho é sentir saudade quando tá do lado, né? Pois é, a gente sente. Sente falta quando ainda nem foi embora. Deve ser vontade de ficar grudado, A minha é.
 
E sei que você me entende, mesmo não falando nada, porque meu coração tiquetaqueia junto do teu. No mesmo ritmo agora. Gasto tempo só passando a mão na tua barba pensando que você não precisava me salvar de nada. Mas se fizesse, eu gostaria. É nessa coisas que penso quando olho pro nada e nunca respondo sua pergunta ‘ta pensando em que?’. É que meus pensamentos são mais rápidos que nuvem em dia de vento.
 
 
Mas quando é das coisas boas que penso, é você que me aparece na ideia. É teu nome que vem na cabeça. É dessas lembranças que eu quero carregar a vida toda. Toda. Porque a gente troca ternura em forma de sorriso, dessas que acalmam o pensamento e o coração. É, a gente troca muita coisa boa hoje em dia. E sabe oque é mais engraçado? Se alguém me falasse há meses atrás que eu ia te encontrar, eu não acreditaria
 
 

 
(Vanessa Leonardi)

 

PS: E hoje eu não vivo mais sem você. Te AMO!

 

 

Das coisas que faz a gente amar…

 

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É que amar tem tantos significados que a gente se perde
E amar talvez seja outra coisa
Aquela mistura de pé no chão e cabeça no peito de alguém
É um ir embora e levar tudo de outra pessoa com você, olhos, cheiro, mão, palavra…
É sentir-se livre estando preso
É deixar livre e ficar leve
É saber que o coração dos outros não te pertence,
mas mesmo assim, alguém quer dá-lo a você

(Vanessa Leonardi)

Quero as janelas abrir para que o sol possa vir iluminar o nosso amor…

(Título: Janelas abertas, Tom Jobim e Vinícius de Moraes)

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O amor seria somente mais uma palavra. Uma palavra como outra qualquer: cadeira, livros, horizonte ou paralelepípedo. Uma palavra perdida em um dicionário. Uma palavra imprecisa em uma canção. Uma palavra escrita numa placa no deserto. O amor poderia ser o deserto ou a canção, porque às vezes, nos dá uma espécie de sede, em outras, um carinho ao pé do ouvido.

Quem sabe o amor passasse despercebido, em silêncio, tão em calmaria que nem distraísse minha atenção das outras coisas bobas do mundo. Quem sabe o amor chegaria, como chegam correspondências de promoções, que a gente amassa e joga fora. Quem sabe o amor viesse como uma rosa entre as outras rosas em buquê, e olhando de cima, é tudo tão igual. Quem sabe fosse uma rua desconhecida, um creme para as mãos, um jeito de sorrir ou olhar, uma mania, um prato árabe, uma pizza, um peixe que vive só no Mar Egeu, uma marca de xampu ou de relógio, um sabor de suco, uma fruta. Embora para tudo, seja todo o sentido.

Poderia sim ser quase nada, se não tivesse sido tudo. Poderia não ter significância ou significado, senão fosse você. Senão fosse seu riso me chamando para dançar no meio do mundo, senão fosse seu nome se espalhar por todos os cantos dos meus pensamentos e os poros da minha pele, senão fosse o seu olhar na primeira vez que te vi, senão fosse seu ar de segurança, senão fosse sua simplicidade em falar. Se por um momento só, você não tivesse sido tão profundo. Se por um momento só, não tivesse sido você, teria sido tudo inútil, teria sido tão em vão.

O amor vem depois de você, e as palavras vem depois do amor. Tão clichê, tão bobo, quando a gente quer dizer que está apaixonada e sente tão amada a ponto de esquecer o resto do mundo. Tão tola nossa forma mais planejada para não ser amarrada pela paixão. Não vale nada toda razão quando o coração desperta.

 

O amor seria sim como qualquer palavra… se não fosse sua chegada.

 

 

(Cáh Morandi)

 

Amor sem protetor solar

 

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Para mim, o amor é mais ou menos como o sol. Nasce de manhã cedinho, entra pelas frestinhas da janela iluminando o quarto e o coração, deixa a vida e os dias mais bonitos. Aquece as tardes e o peito. O amor nos livra do escuro, melhora o humor e faz a gente lançar olhares abobalhados para o horizonte e para o céu. Faz a gente se despir e seca as roupas no varal. Se engana quem pensa que ele é constante. O amor às vezes queima e muda de cor. Ele pode até enfraquecer em alguns momentos do dia, mas normalmente ele é forte. O amor está sempre se pondo. Mas, sabe, eu boto fé nisso: o amor de verdade é igualzinho ao sol. Ele sempre renasce, mesmo que alguns dias tenham nuvens ou chuva forte. E brilha até o infinito.

(Clarissa Corrêa)

Essas coisas do coração

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Você já foi adolescente. E já se apaixonou perdidamente. E já ficou grudada no telefone esperando uma ligação. E já recebeu a ligação tão esperada. E já revirou o closet procurando uma roupa que você nunca teve. E já ficou ansiosa e nervosa e perturbada. E já chorou porque a ligação esqueceu de acontecer. Ou será que foi o paspalho que não lembrou de ligar? O fato é: você, em algum momento, já pensou ele-é-muita-areia-pro-meu-caminhão. Em contrapartida, em tantos outros momentos você já se perguntou eu-hein-como-fui-gostar-desse-cara?!? A vida, minha amiga, é uma eterna repetição. A gente repete e repete e repete, bate com a cara em uma rocha e quase se afoga nesse oceano que é a vida, mas acredite: ninguém aprende quando o assunto é o coração.(…)

E o amor?, você me pergunta. O amor, ah, sei lá. O amor nem dá pra definir direito. Acho que é um desejo de abraçar forte o outro, com tudo o que ele traz: passado, sonhos, projetos, manias, defeitos, cheiros, gostos. Amor é querer pensar no que vem depois, ficar sonhando com essa coisa que a gente chama de futuro, vida a dois. Acho que amor é não saber direito o que ele é, mas sentir tudo o que ele traz. É você pensar em desistir e desistir de ter pensado em desistir ao olhar pra cara da pessoa, ao sentir a paz que só aquela presença traz. É nos melhores e piores momentos da sua vida pensar preciso-contar-isso-pra-ele. É não querer mais ninguém pra dividir as contas e somar os sonhos. É querer proteger o outro de qualquer mal. É ter vontade de dormir abraçado e acordar junto. É sentir que vale a pena, porque o amor não é só festa, ele também é enterro. Precisamos enterrar nosso orgulho, prepotência, ciúme, egoísmo, nossas falhas, desajustes, nosso descompasso. O amor não é sempre entendimento, mas a busca dele. Acho que o amor não é o caminho mais fácil, pois mais fácil seria dizer a-gente-não-se-entende-a-gente-não-combina-tchau-tchau. O amor é uma tentativa eterna. E se você topar entrar nessa, saiba que o amor encontrou você. Seja gentil, convide-o para entrar.

(Clarissa Corrêa)

Arquitetura da relação

 

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Por tanto amor a gente resolveu que vai morar um dentro do outro. Mas numa casa espaçosa com um quarto para cada individualidade. A gente quer que seja preservada essa pessoa que somos com nossos amigos e todas as lembranças mais especiais da nossa trajetória. A gente quer que nosso amor não preencha a nossa vida tão absolutamente a ponto de não restar uma lacuna que seja pra nossa vida anterior e pros potenciais que temos que desenvolver solitariamente. (Como quando a gente tinha tempo livre pra ser só e gostava disso. Como quando a gente não respirava apenas essa novidade da chegada do outro).

Nesse quarto pras nossas visitas, só não é permitida a entrada de fantasmas. De resto, todos os nossos convidados e aprendizados são muito bem recebidos. Depois a gente até pode escolher se compartilhará ou não. E por essa liberdade de escolha, a gente sempre tem vontade de compartilhar.

Por tanto amor a gente resolveu também que qualquer coisa que doesse um pouquinho ia ser conversada antes que doesse um montão. E que quando isso acontecesse, não ia ocorrer de cada um entrar no seu quarto espaçoso e deixar a porta trancada só pra assustar o outro. A gente vai reunir aquele punhadinho de problemas, sentar na sala do nosso peito e esparramar no chão como quem tenta montar um quebra-cabeça juntos sem olhar o desenho na capa da caixa. Porque a gente sempre vai querer descobrir a raiz da paisagem pra ela ser mais bonita. A gente quer conhecer profundamente a folha antes de compor a árvore. Porque a gente sabe que pular etapas é um jeito ineficiente de resolver o x da questão. (A vida não aceita o resultado do problema sem o desenvolvimento da fórmula).

Por tanto amor, desde que a gente foi morar um dentro do outro, nossa vida foi ampliada de alegrias sinceras. 

A nossa casa é ampla pra caber nossas individualidades, nossas lembranças, nossos amigos, nossos silêncios e tudo que estamos e o que podemos nos tornar juntos. Por tanto amor a nossa essência é a parte mais preservada da casa. 

 

( Marla de Queiroz)

Amor – 4 séries x 8

 

“Não adianta. Mudam-se as cores do inverno, os sorrisos, as páginas das revistas, as dez mais bonitas. Mudam-se as tecnologias, as manchetes, o preço do pão, o jeito como você corta o cabelo. Mudam-se os sonhos, o clima lá fora, o tom do batom, a decoração, o que você espera de si mesma. Tudo muda o tempo todo. Mas uma coisa não muda. Não sai de moda. Não fica velho, nem ultrapassado. Quer saber? Acho amar a coisa mais eterna que existe. Não há nada mais moderno. Mais transgressor. Mais ousado – e mais antigo – que isso. Num tempo onde as pessoas mal têm tempo, amar virou coisa de gente corajosa. Porque é preciso muito peito (e muito jogo de cintura) para seguir o que temos de mais criativo: o coração. É o amor que nos faz ver o mundo de um jeito mais belo. E é o amor (e só ele!) que nos traz o valor exato das coisas simples. E você não precisa necessariamente amar uma pessoa. O amor é democrático. Você pode – e deve – amar a si mesmo e ao mesmo tempo amar alguém (essa, sim, é a melhor combinação!). E também amar a vida. Amar um projeto. Um trabalho. Um sonho. Ou – porque não? – simplesmente amar o amor. Se todo amor vale a pena? Eu acredito que sim. O mundo não está triste só por causa das guerras, do superaquecimento global e do tal “salve-se quem puder” As pessoas se escondem atrás das tecnologias e de um falso liberalismo pra camuflar seus medos. Para enganar seus desejos. Ah, me desculpem, mas no fundo todo mundo quer mais é se apaixonar! Mentira minha? Duvido. Todo mundo quer amar, todo mundo quer encontrar alguém especial, todo mundo quer se livrar do medo que nos impede de andar de mãos dadas. É certo que há quem prefira o morno, os relacionamentos superficiais, as noites vazias. (Relacionamentos trazem tantos problemas e alegrias quanto estar só, isso é uma verdade). Mas tenho a impressão de que todos nós temos um leve romantismo escondido, um desejo real pelo amor, uma necessidade de amar e ser amado sem a qual a vida não teria graça. (E não haveria tantos poetas, tantas canções bonitas e tanta insônia por aí). Escrevi, uma vez, uma letra onde canta a seguinte frase: “Será que amar é mesmo tudo”? Na época eu não saberia responder. Mas, hoje, cheguei a uma breve conclusão: não, amar não é tudo. É quase tudo. Amar é o começo. O primeiro parágrafo. A primeira nota. É o que canta (e encanta). Amar é que nos faz falar. É o que nos faz acordar. É o que nos faz dizer “Bom dia” com o sorriso mais livre do mundo. Se eu estou amando? É, devo admitir. Depois de vários romances sem fim, me apaixonei por mim mesma. E, como presente, ganhei um novo amor que é fruto de todos os grandes amores que tive. Sorte minha? Talvez. Mas amor não é apenas sorte. Não pensem também que amor é a solução pra todos os nossos problemas. Não. Amor não é solução. Amor é prêmio. Recompensa feliz para quem – afinal de contas – conseguiu manter-se fiel a si mesmo. Por isso, escrevo esse texto. Em uma época em que os desejos duram o tempo de uma estação, acho o AMOR o exercício mais radical que podemos fazer. ”

(Fernanda Mello)